terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O Valor

Bem, quem leu o meu último texto, entenderá esse.

O que aconteceu nessas últimas semanas me fez abrir os olhos pra quem realmente merece minha atenção.

Essa decepção fez com que eu percebesse o caos que minha vida seria se eu continuasse com essa ilusão.
Pois bem, nada que uma conversa pra esclarecer muitas coisas.
Durante muito tempo tive a Tati como minha concepção de mulher.
Mas por quê?
Sinceramente nem eu sei responder.
Mas ela tinha inúmeros defeitos que eu abomino numa pessoa, que nela eu simplesmente não enxergava.
Mas qual a causa de tudo isso? Qual é o motivo disso?
Amor?
Sim, amor.
Mas baseado em quê esse amor?
Óbvio que em ilusão.
Ilusão em achar que ela era a mulher da minha vida, em achar que ela me completaria, em ver todos esses defeitos nela e simplesmente ignorar.

Mas há luz no fim do túnel pra isso?
Pra mim houve, e ela se chamou Rômulo.

Uma ida pra Niterói e tudo se resolveu.
Meu “mentor intelectual” me fez perceber que tudo isso era só platonismo.
Eu tinha criado uma imagem dela completamente avessa do que ela realmente é e isso mantinha esse suposto amor que por ela eu sentia.

Eu a superestimei. Dei mais valor do que ela merecia.
E, depois de tudo isso que aconteceu, percebi que estava tirando de quem merecia e dando pra quem não merecia.

Pra todas essas pessoas que eu não tratei como deveria, e não são poucas, que sempre estiveram do meu lado e fizeram-me sentir querido e sempre acreditaram em mim, fica o meu muito obrigado.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A Decepção

Como dói uma decepção, não?
Ainda mais quando se trata da pessoa que você mais ama.

Pois bem, vamos à história desde seu início.

No fim de 2002, aceitei um convite feito por um produtor e um diretor de teatro pra ingressar na companhia deles.
Lá conheci diversar pessoas que viriam a se tornar grandes amigos.
Conheci também uma, na época, menina. E que menina. Minha concepção de beleza. Amor à primeira vista? Talvez à quarta ou quinta, pois demorei pra repará-la.
Nesse período nos falamos pouco, principalmente por causa minha timidez.
Em 2003 nos aproximamos e nos tornamos amigos.
E meu amor por ela foi aumentando mais e mais.
Fazíamos coisas juntos, conversávamos, saíamos às vezes, tínhamos até um grupinho de teatro paralelo. Fizemos apresentações por ele e tudo mais.
Mas como dizer pra pessoa que a gente ama que a ama?
A resposta não é tão simples quanto parece. Principalmente quando se tem dificuldade de expressar seus sentimentos, como eu.

Ainda no ano passado, ocorreram fatos lamentáveis para dois amigos em especial.
Meu irmão, o "pegador" da companhia, pregou duas peças em dois grandes amigos dele, e meus também.
O primeiro a sofrer foi Marcos Paulo, que, não sei se sabe, foi a primeira vítima, vendo a menina dos seus olhos, Letícia, nas garras desse lobo disfarçado de ovelha.
Seguido, logo depois pelo Thiago, que se entristeceu ao saber que sua querida Isabella foi fisgada pelo pescador macabro.

"Me preocupar pra que, ele é meu irmão. Nunca faria isso comigo." Um pensamento natural, não?

Foi pensando assim que levei minha vida, cada vez mais apaixonado e meu irmão cada vez mais informado.

Depois de um tempo, tive coragem de dizer à ela que a amo. Mas ela não correspondeu.

Como uma relação de amizade comum, eu e Tati tivemos nossas brigas, claro. Muitas, diria eu a maioria, por besteira de ambos os lados.
Numa dessas brigas, em um ensaio do nosso grupo de teatro paralelo, ficamos um tempo sem se falar.
Num outro ensaio, fomos embora juntos ela, meu irmão, Marcos Paulo e eu.
Marcos foi o primeiro a saltar.
Meu irmão do lado da Tati e eu observando as coisas em minha volta.
De relance, olhei pros dois e meu irmão estava dizendo alguma coisa no ouvido dela. Cheguei mais perto pra ouvir também e percebi que ele estava cantando "Só Hoje", música do JQuest romântica e ótima se você quer azarar.
Meu sangue ferveu, mas mantive a calma.
Ao chegar perto de onde ela saltaria pra pegar outro ônibus, ele disse pra eu ir com ela, e eu disse que não ia.
Lá foi ele com ela e eu pra casa.

Algumas semanas depois, na companhia de teatro, onde têm fofoqueiro e pessoas que gostam de intrigas naturalmente, estávamos conversando sobre quem pegou quem na Multiface(nome da companhia de teatro).
Como não gosto de falar das pessoas que eu fico, me mantive calado, só ouvindo.
Eis que chega na vez de falarem do meu irmão.
Nomes como Letícia, Isabella, Lucy, Tábata e Tati foram mencionados.

"PERA AÍ, TATI?" Pensei comigo mesmo.
Não é possível.

Depois da aula, fui pra casa.
Quando cheguei lá perguntei pra ele, óbvio:
"Marcelo, você ficou com a Tati?"
Ele olhou no fundo dos meus olhos e disse, com essas palavras:
"Claro que não! Eu jamais faria isso contigo."
Sabe aquela sensação de alívio? Ela me tomou nesse instante.

Muito tempo depois, eu não lembro o que tinha acontecido, mas eu e a Tati tivemos uma conversa seríssima.

Acabou que chegamos nesse assunto. Perguntei pra ela se ela já tinha ficado com meu irmão.
Quando ela disse sim, tudo na minha volta desmoronou.
Ela me pediu desculpas, disse que estava arrependida, que eu não merecia nada do que ela fez comigo.
A única coisa que estava na minha cabeça era "Claro que não! Eu jamais faria isso contigo."

No dia seguinte, sentei pra conversar com meu irmão. Lembro como se fosse ontem.

"Marcelo, sabe o que a Tati me disse?"
"Não, o que?"
"Ela disse que vocês ficaram. Por que você fez isso? E por que você mentiu pra mim?"

Maturidade nunca foi uma qualidade dele, e todo mundo sempre me elogiava por ter uma cabeça muito melhor que a dele.

Olha o que ele teve coragem de me responder:
"Cara, a carne é fraca. Ela se jogou em cima de mim e eu não resisti. E tive que mentir pra você, caso contrário você pararia de falar comigo e minha mãe ia ficar triste com a gente."

Na época ele tinha 21 anos e eu 16.
Ficamos quase um ano sem se falar.
Perdi toda a confiança que eu tinha nele e isso tudo criou um abismo entre nós.

E quanto a Tati? O que eu posso dizer? Eu sou um otário.
A desculpei e continuamos amigos. Só que o tempo se encarregou de nos tornar os melhores amigos que tínhamos.
Vocês não sabem o quanto é difícil ser amigo de quem queremos que seja nossa mulher.

Anos se passaram e o meu amor por ela estagnou. Não aumentou, mas também não diminuiu. Me conformei em ser apenas amigo.
Fiquei com outras pessoas, namorei sério por mais de um ano e sempre gostando de verdade dessas mulheres que pela minha vida passaram. Eu sei bem separar essas coisas e não ficaria com ninguém sem gostar.

Mas eu sempre tive esperanças que meus esforços como amigo fossem, de fato, reconhecidos pela Tati. Não foram.

Do final do ano passado pra cá, percebi que não tinha me conformado em ser só amigo. Eu queria mais, como sempre quis.
Foi duro agüentar as palavras dela me falando sobre os amores que pela vida dela passaram. Mas tive que suportar, né?

E ontem foi o derradeiro dia.
No sábado ela dormiu aqui pra nos ajudar no "Open House". Só que eu sou muito enrolados e acabou que atrasamos tudo, por minha causa.
Quando eu ainda estava buscando algumas coisas que faltavam, ela foi embora.

Ontem conversamos e ela me explicou o porquê, dei razão à ela.
Só que eu tinha que perguntar o que eu significava pra ela, se ela me via como homem e tudo mais.
"Você o meu melhor amigo, alguém que eu sei que sempre poderei contar e que sempre me dará bons conselhos."
"Caio, não. Você é meu amigo e não consigo te ver de outra forma. Infelizmente você terá que se conformar em ser só meu amigo, por que nunca será nada além disso."
Bem, de certa forma eu já esperava por isso.
Só que eu, não sei por que, perguntei se ela sentia alguma coisa pelo Marcelo de novo.
Bem, na verdade eu sei sim. Um amigo me disse que ela havia passado a mão na barriga do Marcelo. Se uma mulher passa a mão na barriga de um homem, alguam coisa ela quer.

"Não!
Fiquei com ele uma vez e não gostei. Não rolou química nenhuma."
"Tá, e se hoje rolasse química, você ficaria com ele de novo?"
"Não posso te responder algo que não estou vivendo."
"Hipótese. Se rolasse alguma coisa entre vocês, você ficaria com ele?"
"Claro que sim. Não tem nada que me impessa."
"Porra! Isso quer dizer que você não dá a mínima pra mim, pelo que eu sinto por você."
"Caio, não vou deixar de fazer o que eu quero por sua causa."

Foi o suficiente.
Ouvir da mulher que você ama, que também te ama mesmo que um amor amigo, que ela não tem o mínimo de consideração por você é como ficar sem teto.
Pra realçar bem como eu me senti, pareceu que eu estava preso na guilhotina e o carrasco soltou a lâmina.

Nunca me senti tão mal.
Sempre fui o melhor amigo dela, nunca deixei ela de mão. Abdicava do meu bem-estar pelo dela.
E ela sempre disse que também era minha melhor amiga.
Mas o que parece é que ela nunca foi sequer minha amiga.

Nem UMA gota de consideração por mim, nem UMA.

Já passei por momentos difíceis na minha vida, traições e outras coisas.
Mas NUNCA, NUNCA me senti tão mal quanto estou me sentindo.

Sinceramente não sei como será daqui pra frente.