domingo, 5 de julho de 2009

As aparências

A vida de aparências nunca é reconhecida por quem a vive. Os motivos eu não sei, talvez por vergonha, por achar errado passar para os outros um alguém que você não é, passar para os outros uma imagem de vida que você não tem.
Isso pode ser um motivo, mas, exatamente, eu não sei qual é, até porque eu estou prester a reconhecer essa minha vida de aparências.

Mas eu sou diferente dos outros. A minha principal razão para aparentar alguém que eu não sou não é para os outros, e sim pra mim. Essa talvez seja a pior variação desse distúrbio, haja vista que o afetado sou eu mesmo. Em contra-partida, pode ser a mais nobre, já que, no meu caso, é um esforço pra me tornar algo que eu realmente sei que posso ser. Isso gera intrepretações.
Pode-se pensar que o que acontece nesse caso não é uma ao verdadeiro ser, e sim uma forma de estímulo para que eu possa seguir meu acminho e ir em busca dos meus ideais e tornar-me quem eu sei que posso ser. Mas exatamente passa longe disso. Não existe hoje ninguém que eu conheça menos estimulado que eu.

Eu tenho 22 anos e mais nada. Eu tenho uma cabeça pensante que às vezes se volta contra mim e me torna um obstáculo quase intransponível pro meu próprio desenvolvimento. Encontrei meu caminho acadêmico, a minha vocação profissional, mas não tenho ânimo pra me dedicar à ela. Tenho amigos que, no momento, não atendem ao que preciso, não me oferecem abrigo nem companhia adequada. Mas não tenho razão para culpá-los. Todos têm suas vidas. Mesmo assim, dificilmente entenderiam, com exceção de algumas pessoas, como Rômulo, meu mestre e mentor, e Celeste, que no momento, talvez, seja a pessoa que sempre me oferece o que eu mais tenho necessitado, que é atenção, e só eu sei o quanto ela tem sido importante.

Mesmo assim, nessa vida de aparências, que não passa de um erro vulgar, que nos persegue a noite inteira e quando acaba a bebedeira, ele consegue nos achar num bar, com um vinho barato, um cigarro no cinzeiro e uma cara embriagada no espelho do banheiro, eu sigo a minha vida com esse meu carma.